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date: "2022-10-08T00:00:00.000Z"
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lang: "pt"
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title: "Como a Disforia de Gênero se Manifesta: Euforia"
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linkTitle: "Euforia de Gênero"
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description: "Para que haja sombra há de haver luz."
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preBody: '_aviso_doc_vivo'
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siblings:
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prev: /pt/historia
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prevCaption: A História da Disforia de Gênero
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next: /pt/disforia-fisica
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nextCaption: Disforia Física
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- gdb
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- https://twitter.com/ErinInTheMorn/status/1228141518386585607
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- https://twitter.com/ErinInTheMorn/status/1228165767264256003
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# Euforia de Gênero
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{!{
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<div class="gutter"><blockquote>
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<strong>Eu·fo·ri·a</strong> - <em>Substantivo</em><br>
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Uma sensação ou estado de intenso entusiasmo e felicidade. Exaltação, alegria.
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</blockquote></div>
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Antes que eu possa falar sobre desconforto, eu preciso falar sobre alívio. Euforia de Gênero é um sinal de Disforia de Gênero. Você pode estar se perguntando, "como pode a felicidade ser tristeza?" A resposta é simples.
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Imagine uma pessoa que nasceu numa caverna e que gastou sua inteira vida vivendo no subterrâneo, e que sua única fonte de iluminação sendo velas e lâmpadas à óleo. Imagine que ela nunca esteve na superfície, ela nem sabe que a superfície existe. Então, um dia, um desmoronamento ocorre em um túnel lateral e revela uma abertura para a superfície. Luz solar adentra a abertura e de início essa luz é cegante e faz a pessoa correr em medo. Mais tarde ela retorna à abertura e conforme os olhos dela se ajustam eles veem através do buraco e veem um brilhante mundo cheio de cores que ela nem sabia que existiam.
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O mundo é amedrontador, é enorme e cheio do desconhecido, então ela rasteja de volta à caverna por segurança mas o buraco ainda está lá, e ela ainda vê a luz toda vez que passa por ela. Gradualmente ela espia para fora mais e mais frequentemente, mais e mais longe da abertura. Ela começa a querer aquela luz e ela começa a achar razões para visitá-la mais frequentemente.
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Eventualmente ela reconhece que ela não quer mais voltar para o buraco. Ela tem que voltar pois é onde sua família e seus amigos estão, mas esse lugar é tão melhor, ela quer ficar aqui. Voltar para o buraco causa sensação de algo errado, começa a doer estar tanto no escuro.
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Isso é como a Euforia de Gênero é. Ela é como flashes de uma luz que pode parecer muito brilhante para lidar de início, muito confusa para entender, mas conforme o tempo se passa você se torna mais acostumado a ela e você percebe que é nela que você pertence, e a escuridão se torna disforia.
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Muitas pessoas trans não tem ideia de quanta dor elas sentem até que elas encontrem pequenos pedaços de alívio. <em lang="en">Cosplay</em>, atuação em teatro, <em lang="en">drag</em>, jogos de interpretação de papéis; pequenas incursões em um gênero diferente daquele no qual elas viveram. Elas podem descobrir que se sentem apenas um pouquinho mais confortáveis. Elas inventarão desculpas para o porquê ("Se eu vou ter que ficar olhando para a bunda de um personagem, melhor que seja a bunda de uma menina." em jogos de perspectiva de terceira pessoa), elas tentarão se convencer que é apenas por diversão, ou uma expressão artística. Elas modem contar a si mesmas que os fragmentos de alegria que elas sentem ao ouvir pronomes distintos é apenas por ser uma novidade. Mas logo elas se encontrão procurando por razões para fazê-lo mais frequentemente. Com frequência cada vez maior, elas interpretam personagens de um sexo diferente, costuram mais fantasias, compram mais roupas, atuando mais frequentemente. Você se encontrará querendo fazer mais disso o tempo inteiro, porque isso simplesmente te faz sentir melhor que a sua vida real, e ser "você" começa a doer. Mais cedo ou mais tarde, o velho você se torna a vestimenta fantasia.
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Isso é a mais fundamental razão pelo qual nós como comunidade dizemos "você não precisa de disforia para ser trans", porque tinta preta no quadro preto simplesmente não é visível sem uma minuciosa inspeção e muita luz.
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Tudo que pode ser fonte de disforia tem uma igual e oposta euforia.
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{!{ <div class="print-break-before"></div> }!}
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{!{
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<div class="gutter">
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<strong>gen·drar</strong> - <em>Verbo, neologismo, anglicismo</em><br>
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<p>Perceber como ou tratar com um determinado gênero.</p>
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<details>
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<summary>Exemplo</summary>
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<p>Ex: “Em uma entrevista, ele até notou que ele 'se vestia, agia e pensava como um homem' por anos, mas seus colegas de trabalho continuavam o <u>gendrando</u> como mulher.” (<a href="https://en.wiktionary.org/wiki/gender#:~:text=In%20an%20interview%2C%20he%20even%20noted%20that%20he%20%22dressed%2C%20acted%20and%20thought%20like%20a%20man%22%20for%20years%2C%20but%20his%20coworkers%20continued%20to%20gender%20him%20as%20female">Ver no Wikcionário</a>)</p>
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</details>
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</blockquote>
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'1228141518386585607'
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</div>
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Exemplos:
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- Ser gendrade corretamente.
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- Ter tratade com o seu nome escolhido.
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- Vestir roupas que conferem com o seu gênero.
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- Ser e sentir mudanças em seu corpo.
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- Ver-se no espelho (remoção da despersonalização).
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- Socializar de uma forma que corresponde com as suas expectativas gendradas.
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- Cortar o cabelo de forma masculina/feminina/andrógena.
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- Remover (ou não) os pelos da perna.
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- Ser incluíde em algo que você, do contrário, não poderia por conta seu gênero atribuído ao nascimento (ex: <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Bridal_shower"><em lang="en">bridal shower</em></a> ou despedida de solteiro)
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- Sentir-se sexy ou ter sexo de forma que se alinha con seu gênero e sexualidade.
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Mesmo apenas estar fora de casa como si mesme e ser viste como si mesme pode ser massivamente eufórico.
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**O que euforia NÃO é:** uma alta sexual, um tesão, ou fetiche. Às vezes a euforia pode acionar uma resposta sexual, e há muitos fatores que contribuem para a causa disso (sentir-se bem sobre o seu corpo é uma estimulação de interesse, por exemplo), mas isso não é uma fonte de excitamento sexual. Pessoas trans não estão "obtendo prazer" em se apresentar ou agir como seus verdadeiros eus.
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Dito isso, muitas pessoas que ainda não perceberam que são trans podem recorrer a fetiches e taras para expressar seus gêneros e/ou aliviar disforia. Elas podem manter algumas dessas taras durante a transição. Não há vergonha nisso: como elas encontram realização sexual é assunto delas. Entretanto, essas coisas estão *ao lado* de seus gêneros. O senso de gênero de uma pessoa trans persiste indefinidamente, ele não desaparece quando elas voltam para suas vidas diárias.
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